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Como você interpreta a criação do mundo na Bíblia?

Na Bíblia contém a revelação de Deus sobre si mesmo, sua vontade e seus propósitos para a humanidade. Entre os diversos livros que compõem a Bíblia, o primeiro é o livro de Gênesis, que significa “origem” ou “começo”. Nesse livro, encontramos a narrativa da criação do mundo por Deus em seis dias, bem como a origem da vida, do pecado e da salvação.

Mas como entender esse relato? Como ele se relaciona com outras partes da Bíblia e com a ciência? Qual o significado e a importância dessa narrativa para os cristãos hoje? Essas são algumas perguntas que tentaremos responder neste artigo, que tem como objetivo ajudar você a compreender melhor todo o conceito de como foi criado o mundo por Deus na Bíblia, com diversas abordagens.

Para isso, vamos dividir o artigo em oito subtítulos:

– O contexto histórico e literário de Gênesis
– A estrutura e o estilo da narrativa da criação
– O significado teológico da criação
– As diferentes interpretações da criação
– A relação entre a criação e a ciência
– A relação entre a criação e outras partes da Bíblia
– A aplicação prática da criação para os cristãos
– A conclusão e o convite à reflexão

Vamos começar?

O contexto histórico e literário de Gênesis

O livro de Gênesis faz parte do Pentateuco, que é o conjunto dos cinco primeiros livros da Bíblia. Esses livros são atribuídos tradicionalmente a Moisés, que foi o líder do povo de Israel na saída do Egito e na peregrinação pelo deserto até a terra prometida. Moisés teria escrito esses livros entre os séculos XV e XIII a.C., sob inspiração divina.

Ele abrange um longo período da história humana, desde a criação até a morte de José no Egito. Ele narra as origens do universo, da humanidade, do pecado, da promessa de salvação, dos patriarcas (Abraão, Isaque, Jacó e José) e do povo de Israel.

Além disso Gênesis, tem um valor histórico inestimável, pois nos revela as raízes da fé cristã e judaica. Mas ele também tem um valor literário impressionante, pois utiliza diversos gêneros literários para transmitir sua mensagem. Entre esses gêneros, podemos destacar o mito, a lenda, a genealogia, a crônica, o conto, a parábola, a poesia e o hino.

O gênero literário é importante para entendermos o sentido e a intenção do autor. Por exemplo, quando lemos um mito, não devemos esperar uma descrição científica ou histórica dos fatos, mas sim uma explicação simbólica e religiosa da realidade. Um mito é uma narrativa que expressa a visão de mundo de um povo, seus valores, suas crenças e sua relação com o sagrado.

A narrativa da criação em Gênesis é considerada por muitos estudiosos como um mito, pois utiliza uma linguagem figurada e simbólica para revelar verdades sobre Deus, o mundo e o ser humano. Essa narrativa não tem a intenção de ser um relato factual ou cronológico dos eventos, mas sim uma proclamação teológica da soberania, da sabedoria e da bondade de Deus como Criador de tudo que existe.

A estrutura e o estilo da narrativa da criação

A narrativa da criação em Gênesis está dividida em dois capítulos: o capítulo 1 e o capítulo 2. Esses capítulos apresentam duas versões diferentes da criação, que se complementam e se harmonizam. A primeira versão (Gn 1:1-2:4a) é mais estruturada e ordenada, enquanto a segunda versão (Gn 2:4b-25) é mais detalhada e pessoal.

A primeira versão segue um esquema literário baseado no número sete, que na cultura hebraica simboliza a perfeição e a plenitude. Nessa versão, Deus cria o mundo em seis dias, e no sétimo dia ele descansa e abençoa sua obra. Cada dia de criação segue um padrão: Deus diz “Haja…”, e aquilo que ele diz se faz. Depois, Deus vê que aquilo que ele fez é bom. E por fim, Deus dá um nome àquilo que ele criou e determina o seu lugar e função no universo.

A segunda versão tem um estilo mais narrativo e poético. Nessa versão, Deus cria o homem do pó da terra e sopra em suas narinas o fôlego de vida. Depois, Deus planta um jardim no Éden e coloca o homem ali para cuidar dele. Em seguida, Deus percebe que não é bom que o homem esteja só, e decide fazer uma auxiliadora para ele. Então, Deus faz todos os animais e os traz ao homem para que ele lhes dê nomes. Mas nenhum deles é adequado para ser a companheira do homem. Por isso, Deus faz o homem cair em sono profundo e tira uma de suas costelas. Da costela do homem, Deus forma a mulher e a traz ao homem. O homem reconhece a mulher como sua igual e sua parceira, e os dois se tornam uma só carne.

Essas duas versões da criação mostram diferentes aspectos da obra de Deus. A primeira versão enfatiza a transcendência de Deus, que cria tudo com sua palavra poderosa e ordena tudo com sua sabedoria infinita. A segunda versão enfatiza a imanência de Deus, que se envolve pessoalmente com sua criação e se relaciona intimamente com o ser humano.

O significado teológico da criação

A narrativa da criação em Gênesis tem um profundo significado teológico, pois revela quem é Deus, quem somos nós e qual é o nosso propósito na vida. Vamos ver alguns pontos principais:

– Deus é o único Criador de tudo que existe. Ele não depende de nada nem de ninguém para criar. Ele cria por sua livre vontade e por seu amor. Ele não tem rivais nem concorrentes. Ele é soberano sobre tudo que ele criou.
– Deus é bom e tudo que ele criou é bom. Ele se alegra com sua obra e a abençoa. Ele não cria nada mau nem defeituoso. Ele cria tudo com beleza e harmonia.
– Deus é trino: Pai, Filho e Espírito Santo. Ele cria tudo em comunhão com as outras pessoas divinas. Ele cria tudo à sua imagem e semelhança, ou seja, com capacidade de se relacionar com ele e com os outros.
– O ser humano é a obra-prima da criação. Ao criar o homem e a mulher à Sua imagem, Deus conferiu dignidade, valor e propósito à humanidade. Cada pessoa é única e preciosa aos olhos de Deus, refletindo a beleza da diversidade na criação.

A criação é um ato de amor e confiança. Deus confia ao homem o domínio sobre a terra, dando-lhe responsabilidade sobre a criação. Esse domínio não é uma licença para exploração desenfreada, mas uma chamada para cuidar e preservar o meio ambiente, reconhecendo a interdependência de todas as criaturas.

A narrativa da criação também aponta para o propósito humano de viver em comunhão com Deus. O jardim no Éden representa o lugar de comunhão íntima entre Deus e o homem. O pecado, no entanto, introduz a separação, destacando a necessidade da redenção e reconciliação através de Cristo.

As diferentes interpretações da criação

Ao longo da história, cristãos têm adotado diferentes abordagens para interpretar a narrativa da criação. Algumas dessas interpretações incluem:

Criacionismo literal: Esta abordagem considera a narrativa de Gênesis como um relato histórico e cronológico dos eventos da criação. Acredita-se que Deus criou o mundo em seis dias literais de 24 horas.

Criacionismo do dia era: Essa interpretação sugere que os “dias” da criação não são períodos de 24 horas, mas eras ou eras geológicas. Cada “dia” representa uma fase na história da criação.

Teoria do intervalo: Algumas interpretações propõem um intervalo entre os versículos 1 e 2 de Gênesis, sugerindo que um evento catastrófico ocorreu entre a criação original e a subsequente reforma descrita no versículo 2.

Teoria do dia-teológico: Esta abordagem entende os “dias” como períodos literários ou teológicos, não necessariamente correspondendo a períodos de tempo específicos.

Teoria da evolução teísta: Muitos cristãos reconciliam a narrativa bíblica com a teoria da evolução, vendo a criação como um processo conduzido por Deus ao longo do tempo.

Cada uma dessas interpretações busca harmonizar a fé cristã com diferentes perspectivas sobre a origem do universo. É importante reconhecer que, independentemente da interpretação, o cerne da mensagem permanece: Deus é o Criador, o universo é Sua obra, e a humanidade é chamada a viver em relacionamento com Ele.

A relação entre a criação e a ciência

A relação entre a criação e a ciência muitas vezes gera debates e questionamentos. É crucial reconhecer que a Bíblia e a ciência abordam questões distintas. A Bíblia oferece respostas sobre quem e por que, enquanto a ciência explora o como.

Ao examinar a criação à luz da ciência, os cristãos têm adotado diferentes posições. Alguns veem a ciência como uma maneira de explorar e admirar ainda mais a complexidade e a ordem do mundo criado por Deus. Outros buscam harmonizar a fé com teorias científicas, como a evolução, enxergando-as como instrumentos através dos quais Deus age.

A fé cristã não precisa temer a busca pelo conhecimento científico. Pelo contrário, a compreensão da criação pode ser aprimorada ao considerar as descobertas científicas, sempre com um discernimento crítico e uma abordagem humilde diante da vastidão do conhecimento.

A relação entre a criação e outras partes da Bíblia

A narrativa da criação em Gênesis não está isolada no contexto bíblico. Ela se entrelaça com outros temas e ensinamentos encontrados ao longo das Escrituras. Um exemplo notável é a conexão entre a criação e a redenção, que se desenrola ao longo de toda a Bíblia.

O Novo Testamento, em particular, faz várias referências à criação. No Evangelho de João, Jesus é apresentado como o Verbo divino que participou da criação (João 1:1-3). As epístolas paulinas também destacam a obra redentora de Cristo como uma resposta ao pecado introduzido na criação (Romanos 8:19-22).

A criação é frequentemente mencionada em contextos poéticos e teológicos em outros livros da Bíblia. Livros como Jó, Salmos e Provérbios exploram a majestade e a sabedoria do Criador através da observação da natureza.

Jó: No livro de Jó, encontramos diversas passagens que destacam a grandiosidade da criação e a sabedoria de Deus. Por exemplo, em Jó 12:7-10 (NVI), Jó declara: “Pergunte agora aos animais, e eles o ensinarão, ou às aves do céu, e elas lhe dirão; ou fale com a terra, e ela o instruirá, ou deixe que os peixes do mar o informem. Quem dentre todos esses seres não sabe que a mão do Senhor fez isso?”

Salmos: Os Salmos são ricos em expressões poéticas que celebram a criação e louvam o Criador. Por exemplo, o Salmo 19:1-4 (NVI) proclama: “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e suas palavras até os confins do mundo.”

Provérbios: Embora Provérbios seja conhecido por seus ensinamentos práticos, também contém referências à sabedoria divina manifestada na criação. Um exemplo é Provérbios 3:19-20 (NVI): “Com sabedoria o Senhor fundou a terra, com discernimento estabeleceu os céus. Pelo seu conhecimento os abismos se rompem, e as nuvens destilam o orvalho”.

A relação entre a criação e outras partes da Bíblia

Além de ser uma narrativa teológica, a criação possui implicações práticas para a vida dos cristãos.

Algumas dessas aplicações incluem:

Respeito pela criação: Reconhecer a criação como obra de Deus incentiva os cristãos a cuidar do meio ambiente. Isso envolve práticas sustentáveis, conservação da biodiversidade e responsabilidade ambiental.

Reconhecimento da dignidade humana: A compreensão de que os seres humanos foram criados à imagem de Deus implica respeito e valor pela dignidade de cada pessoa, independentemente de diferenças étnicas, sociais ou culturais.

Gratidão e louvor a Deus: Contemplar a maravilha da criação é uma oportunidade para os cristãos expressarem gratidão e louvor a Deus. A beleza e a complexidade do mundo criado revelam a grandeza do Criador.

Responsabilidade moral: A narrativa da criação lembra os cristãos de sua responsabilidade moral diante de Deus. Viver de acordo com os princípios éticos e morais estabelecidos por Deus é uma resposta apropriada à criação e à redenção.

A conclusão e o convite à reflexão

A criação do mundo, conforme narrada na Bíblia, é um tema fascinante e profundo. A riqueza dessa narrativa vai além de uma simples explicação sobre o início do universo; ela revela verdades sobre a natureza de Deus, a dignidade humana, a responsabilidade e o propósito na vida.

Ao explorarmos a criação na Bíblia, somos desafiados a integrar nossa fé com uma compreensão mais ampla do mundo ao nosso redor. A interseção entre a fé cristã e o conhecimento científico, a relação entre a criação e a redenção, e as aplicações práticas para a vida cotidiana são temas que merecem nossa atenção e reflexão constante.

Portanto, convido você a continuar buscando conhecimento, aprofundando sua compreensão da Palavra de Deus e refletindo sobre como a narrativa da criação impacta sua vida e sua jornada espiritual. Que essa exploração fortaleça sua fé, inspire sua adoração a Deus e oriente suas ações no mundo que Ele tão cuidadosamente criou.

Que a paz de Deus esteja com você enquanto você prossegue nessa jornada de descoberta e reflexão. Se tiver dúvidas, reflexões ou compartilhamentos, sinta-se à vontade para expressá-los. Que a graça e a sabedoria divina o acompanhem em todos os passos!

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